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domingo, julho 08, 2012

E grito: eu sinto, eu sofro,
eu me alegro, eu me comovo.
Só o meu enigma me interessa.
Mais que tudo,
me busco no meu grande vazio.

segunda-feira, julho 02, 2012

‎"Nos piores momentos, lembre-se:
quem é capaz de sofrer intensamente,
também pode ser capaz de intensa alegria."


(Clarice Lispector, Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres )

sábado, fevereiro 25, 2012

‎"Saber desistir. Abandonar ou não abandonar — esta é muitas vezes a questão para um jogador. A arte de abandonar não é ensinada a ninguém. E está longe de ser rara a situação angustiosa em que devo decidir se há algum sentido em prosseguir jogando. Serei capaz de abandonar nobremente? Ou sou daqueles que prosseguem teimosamente esperando que aconteça alguma coisa?"

sexta-feira, janeiro 30, 2009

Clarice Lispector

'eu mesma vivo me levantando e caindo de novo e me levantando. não sei qual é o bem disso, sei que é dessa forma confusa de vida que eu vivo. não imaginas quanto eu sou infantil nisso: meu desejo mais obscuro era dar minha cabeça para alguém dirigir; que alguém me dissesse todos os dias: hoje faça isso, hoje corte isso, hoje aperfeiçoe isso, isto está bom, isto está ruim. uma pessoa que quisesse “tomar minha direção” seria bem vinda. eu nunca sei se quero descansar porque estou realmente cansada, ou se quero descansar para “desistir”.

Fragmentos Clarice Lispector

"Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entregasse ao outro: a entrega de dois mundos incognoscíveis feita com a confiança com que se entregariam duas compreensões."

"É necessário chegar a tal nada que indiferentemente se ame ou não se ame o criminoso que nos mata. Mas não estou segura de mim mesma: preciso perguntar, embora não saiba a quem, se devo mesmo amar aquele que me trucida e perguntar quem de vós me trucida. E minha vida, mais forte do que eu, responde que quer porque quer vingança e responde que eu devo lutar como quem se afoga, mesmo que eu morra depois. se assim é, que assim seja. "

"Eis que tudo o que não tenho é que é meu. Desisto e quanto menos sou mais vivo, quanto mais perco o meu nome mais me chamam, minha única missão secreta é a minha condição, desisto e quanto mais ignoro a senha mais cumpro o segredo, quanto menos sei mais a doçura do abismo é o meu destino. E então adoro."

"Queria poder continuar a vê-lo mas sem precisar tão violentamente dele. Se fosse uma pessoa inteiramente só, como era antes, saberia como sentir e agir dentro de um sistema."

" Um dia será o mundo com sua impersonalidade soberba versus a minha extrema individualidade de pessoa, mas seremos um só."


'Exagerada toda a vida: minhas paixões são ardentes; minhas dores de cotovelo, de querer morrer; louca do tipo desvairada; briguenta de tô de mal pra sempre; durmo treze horas seguidas; meus amigos são semi-irmãos; meus amores são sempre eternos e meus dramas, mexicanos!'

"...Sou feliz no hora errada. Infeliz quando todos dançam. Me disseram que os aleijados se rejubilam assim como me disseram que os cegos se alegram. É que os infelizes se compensam.
Nunca a vida foi tão atual como hoje: por um triz é o futuro."

Clarice Lispector

"E, inquieta, eu começava a compreender que não exigias de mim que eu cedesse nada da minha (natureza) para te amar, e isso começava a me importunar. Era no ponto de realidade resistente das duas naturezas que esperavas que nos entendêssemos: minha ferocidade e a tua não deveriam se trocar por doçura: era isso que pouco a pouco me ensinavas, e era isto também que estava se tornando pesado. Não me pedindo nada, me pedias demais."

domingo, setembro 21, 2008

Clarice Lispector

Eu não digo que eu tenha muito, mas tenho ainda a procura intensa e uma esperança violenta! Eu não choro: se for preciso um dia eu grito! Estou em plena luta e não desisto! Eu já poderia ter você com meu corpo e minha alma. Esperarei nem que sejam anos que você também tenha corpo-alma para amar. Nós ainda somos moços, podemos perder algum tempo sem perder a vida inteira! Mas olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós: Não temos amado, acima de todas as coisas. Não temos aceito o que não se entende por que não queremos passar por tolos. Temos construídos catedrais e ficado do lado de fora pois as catedrais que nós mesmos construímos são armadilhas. Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar a nossa vida possível! Temos chamado de franqueza a nossa candura. Temo-nos temido um ao outro acima de tudo. Mas eu escapei disso com ferocidade e esperarei até você também estar mais pronto.

sexta-feira, setembro 19, 2008

Clarice Lispector

Sempre quis jogar alto, mas parece que estou aprendendo que o jogo alto está numa vida diária pequena, em que uma pessoa se arrisca muito mais profundamente, com ameaças maiores. Com tudo isso, parece que estou perdendo um sentimento de grandeza que não veio nunca de livros ou de influência de pessoas, uma coisa muito minha que desde pequena deu a tudo, aos meus olhos, uma verdade que não vejo mais com tanta frequência. Disso tudo restaram nervos muito sensíveis e uma predisposição séria para ficar calada.

terça-feira, setembro 02, 2008

Clarice Lispector

"Quando fazemos tudo para que nos amem...e não conseguimos, resta-nos um último recurso, não fazer mais nada. Por isto digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado...melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não façamos esforços inúteis, pois o amor nasce ou não espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes é inútil esforçar-se demais...nada se consegue; outras vezes, nada damos e o amor se rende a nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de nada mais fazer."

domingo, junho 01, 2008

Clarice Lispector

"Todas as manhãs ela deixa os sonhos na cama,
acorda e põe sua roupa de viver.
Todas as manhãs ela caminha vagarosamente para pegar o ônibus que a levará para lugar nenhum, para ver ninguém.
E todas as manhãs ela imagina como serão as tardes,
Já sabendo a resposta, finge ser feliz todas as manhãs.
E todas as manhãs ela espera pela noite,
espera arduamente voltar ao seu quarto, e ser triste.
É quando ela sente que está assim, completa.
Completamente triste , mas completa.
E quando ela tira a roupa e põe todo o seu corpo em baixo das cobertas quentes e sente que começa a sonhar, é quando ela sorri. Assim, pra ninguém. Mas pra ela mesma. E viver vale a pena."

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Clarice Lispector

"Chego à altura de poder cair, escolho, estremeço e desisto, e finalmente me votando à minha queda, despessoal, sem voz própria, finalmente sem mim - eis que tudo o que não tenho é que é meu. Desisto e quanto menos sou mais vivo, quando mais perco o meu nome mais me chamam, minha única missão secreta é a minha condição, desisto e quanto mais ignoro a senha mais cumpro o segredo, quando menos sei mais a doçura do abismo é o meu destino. E então eu adoro".

segunda-feira, novembro 05, 2007

Clarice Lispector

"Estrela perigosa
Rosto ao vento
Barulho e silêncio
leve porcelana
templo submerso
trigo e vinho
tristeza de coisa vivida
árvores já floresceram
o sal trazido pelo vento
conhecimento por encantação
esqueleto de idéias
ora pro nobis
Decompor a luz
mistério de estrelas
paixão pela exatidão
caça aos vagalumes.
Vagalume é como orvalho
Diálogos que disfarçam conflitos por explodir
Ela pode ser venenosa como às vezes o cogumelo é.
No obscuro erotismo de vida cheia
nodosas raízes.
Missa negra, feiticeiros.
Na proximidade de fontes,
lagos e cachoeiras
braços e pernas e olhos,
todos mortos se misturam e clamam por vida.
Sinto a falta dele
como se me faltasse um dente na frente:
excrucitante.
Que medo alegre,
o de te esperar."

sábado, agosto 25, 2007

Clarice Lispector

Quando fazemos tudo para que nos amem...e não conseguimos, resta-nos um último recurso, não fazer mais nada. Por isto digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado...melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não façamos esforços inúteis, pois o amor nasce ou não espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes é inútil esforçar-se demais...nada se consegue; outras vezes, nada damos e o amor se rende a nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de nada mais fazer.

Crônica : Inutilidade - livro Correio Feminino

domingo, junho 10, 2007

Clarice Lispector

"Sei que se eu abandonar o que foi uma vida toda organizada pela esperança, sei que abandonar tudo isso - em prol dessa coisa mais ampla que é estar vivo - abandonar tudo isso dói como separar-se de um filho ainda não nascido, só prometido, e isso machuca. Mas sei que ao mesmo tempo quero e não quero mais me conter. É como na agonia da morte: alguma coisa na morte quer se libertar e tem e tem ao mesmo tempo medo de largar a segurança do corpo. Sei que é perigoso falar na falta de esperança, mas ouve - está havendo em mim uma alquimia profunda, e foi no fogo do inferno que ela se forjou. E isso me dá o direito maior: o de errar. "