sábado, novembro 03, 2007

F. Nietzsche

Estou arrogante demais para considerar que alguém possa me amar, isto é, o amor requer a pré-condição de que a pessoa saiba quem eu sou. Tampouco acredito que eu vá amar alguém. Isto iria exigir - assombro dos assombros! - encontrar alguém do
mesmo vulto que eu. Não esqueça que eu desprezo, tanto quanto sinto piedade, seres como Richard Wagner ou A. Schopenhauer, e que acho o fundador do cristianismo
superficial comparado a mim; eu os amei todos enquanto não tinha entendido o que é o ser humano é.

Isto me afeta como um dos enigmas que pensei um dia - Como é possível que estejamos unidos pelo sangue? O que quer que tenha me ocupado, preocupado, ou elevado nunca
trouxe-me um co-sabedor ou amigo! É uma pena que não haja nenhum Deus, porque existiria ao menos um sabedor - Enquanto eu estiver saudável, mantenho bom-humor suficiente para tocar minha função e me esconder do mundo sob esta função: por
ora professor na Basiléia. Infelizmente, tenho estado muito doente e odiaria, inacreditavelmente, as pessoas que eu conheci, incluindo eu mesmo.

Nietzsche
Nice, meio de março de 1885:
Rascunho de carta a Elisabeth Nietzsche

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