sexta-feira, novembro 21, 2008

Sylvia Plath

''Eu queria odiar você, falei: ‘Por que veio? Por quê?´. Eu desejava tua companhia. Passava das onze; fui até a porta com ele e saí na noite fria. ‘Venha cá’, ele me disse, ‘Preciso falar uma coisa bem baixinho: Gosto de você, mas não muito. Não quero gostar muito de ninguém’. Então levei um choque e revidei: ‘Eu gosto muito das pessoas ou as detesto. Tenho que ir até o fim, fundo, mergulhar, conhecê-las de verdade!’. Ele foi claro: ‘Ninguém me conhece!’. Então acabou, ponto final. Naquela noite foi duro dormir.''

sexta-feira, novembro 14, 2008

Afoguei de vez qualquer vontade de fingir ou mentir ainda outro dia destes - quando ouvi alguém já de certa idade falando que a vida não tem sentido e que cobrar da vida suas conquistas ou chances, depende de onde você se encontra perambulando, era um erro deslavado. Que a vida nunca garantiu e prometeu nada a ninguém. “Não cobre nada”, dizia ele.

Honestamente, não foi difícil enxergar a partir desta idéia que não há o mínimo e mais fodido sentido em viver se não for pra viver ainda mais, se não for pra deixar as cobranças, esperanças e as preocupações todas afogadas em movimento - em bruto movimento.

Em outras palavras, ele dizia que toda memória, experiência e imaginação que passam pela sua carne não ganham sentido do lado de fora. Elas são o próprio sentido! Poderia ter dito de maneira sonora algo como, sabe-se lá, "destino é uma palavra que aparece de dentro dos seus gestos". Mas fez melhor, uma dura: "Não cobre nada da vida".

Isso também me ajudou na decisão de deixar a minha vida ir embora.

"Pense que é por ele - e faça por você." - dizem os colegas e os amigos.
O problema é não saber e não conseguir separar o que sou eu e o que é ele - quando tudo que há em mim é dele e por ele.

E ontem, ao ser indagada o por que de estar gravado "vida" ao invés do nome no meu celular - não soube o que dizer e e na verdade, ainda não sei. Sei bem o que todo mundo sabe e o que todo mundo vê: fiz dele a minha vida. Eu respirava, lutava, sonhava, suportava, ansiava, planejava, sorria, aguardava e levantava todos os dias porque ele era a minha vida. E agora, carrego-me morta pelas ruas e não é difícil perceber que a "vida" ( no duplo sentido) se perdeu - restando-me agora a dor e a confusão de nada mais entender.

(deveria encarar as sombras e renascer novamente?)

Vejo sim que estava fechando-me em meu desespero em tentar acertar e o que fazia, provavelmente, já não tinha mais nada de meu - tudo era dele. Tinha dúvidas tanto de um lado como de outro. Deveria procurar forças para continuar na luta ou esquecer o mundo (terrível meta que vez por outra impunha como saída)? Sensatamente, eu diria nem tanto ao céu, nem tanto à Terra – em outras palavras, sou ótima para dar conselhos - mas extremamente emocional e nada razoável ao tratar dos meus sentimentos.

Sei que estou voltando a minha antiga maneira de lidar com as coisas - isolando-me de tudo e de todos. E a quem culpar? Penso em culpar o precário mundo em que vivemos - cheio valores errados ou mesmo inexistentes- a falta de educação social ou a quem deu-me o sorriso para tirar logo após (e isso recentemente surge na minha cabeça com frequência...)

Sei bem que procuro ainda meus modelos para viver – tenho medo da minha própria e extraordinária capacidade de dar às costas para o mundo (e esquecer que o que espero dos outros é esperado, também, de mim). Preocupa-me não fazer parte na mesma medida em que preocupa-me fazer parte. Essa coisa de modelo, parte e todo sugere-me, novamente, a precária educação social e a falta de valores que temos... Aqui posso mencionar que – concluí isso apenas depois de algum tempo – independente do que eu trago comigo, penso oferecer (sempre os outros - chego a ter a sensação de uma vaga na altura do estômago) o que faço sobre o que trago comigo... confuso?

Sim, confuso. Porque aqui nada restou além da confusão... A que nível de estupidez eu própria preciso chegar para conseguir viver uma história? Se há uma coisa que me deixa louca, é isso: colocar-me ao lado (ou no lugar) de um idiota apenas para ter a certeza de que é um idiota. Um dia deixo de desconfiar dessa minha intuição...

Depois de tanta filosofia em plena sexta feira, fica a poesia:

"Eu
Eu penso sozinha
Eu discordo
Para chegar ao imenso avanço até aonde não sei mais nada ali sobre mim
Mas já ouvi alguma assim
Com um pouco de sem sentido esse isso é, com certeza, um pouco meu
Sou eu
E dá vontade de olhar para você e dizer uma coisa, de verdade, sublime
Uma como: - O sublime custa caro"

segunda-feira, novembro 10, 2008

mario quintana

Eu queria trazer-te uns versos muito lindos
colhidos no mais íntimo de mim...
Suas palavras
seriam as mais simples do mundo,
porém não sei que luz as iluminaria
que terias de fechar teus olhos para as ouvir...
Sim! Uma luz que viria de dentro delas,
como essa que acende inesperadas cores
nas lanternas chinesas de papel!
Trago-te palavras, apenas... e que estão escritas
do lado de fora do papel... Não sei, eu nunca soube o que dizer-te
e este poema vai morrendo, ardente e puro, ao vento
da Poesia...
como
uma pobre lanterna que incendiou!

katherine mansfield

... Contudo, sem ser mórbida e mexendo nas lembranças, devo confessar que vejo nisto alguma coisa de triste na vida. Não me refiro à tristeza que todos nós conhecemos, como a doença, a pobreza e a morte. Não, é algo diferente. É lá no fundo, bem no fundo, faz parte da gente, como a respiração. Por mais que trabalhe, por mais que me canse, basta parar para sentir que essa coisa está lá, esperando. Muitas vezes eu me pergunto se todo mundo sente do mesmo jeito. Nunca se pode saber. Mas não é extraordinário que dentro de seu canto alegre, doce, tudo o que eu ouvia era: tristeza? ah, o que é isto?

Alcoolicas

Se um dia te afastares de mim, Vida
Porque algumas intensidades têm a parecença da bebida —
Bebe por mim paixão e turbulência, caminha
Onde houver uvas e papoulas negras (inventa-as)
Recorda-me, Vida: passeia meu casaco, deita-te
Com aquele que sem mim há de sentir um prolongado vazio.
Empresta-lhe meu coturno e meu casaco rosso:
Compreenderá o porquê de buscar conhecimento
na embriaguês da via manifesta.
Pervaga. Deita-te comigo. Apreende a experiência lésbica:
O êxtase de te deitares contigo. Beba.
Estilhaça a tua própria medida.

Esquecimento

Esse de quem eu era e era meu,
Que foi um sonho e foi realidade,
Que me vestiu a alma de saudade,
Para sempre de mim desapareceu.

Tudo em redor então escureceu,
E foi longínqua toda a claridade!
Ceguei... tateio sombras... que ansiedade!
Apalpo cinzas porque tudo ardeu!

Descem em mim poentes de Novembro...
A sombra dos meus olhos, a escurecer...
Veste de roxo e negro os crisântemos...

E desse que era eu meu já me não lembro...
Ah! a doce agonia de esquecer
A lembrar doidamente o que esquecemos...!

[Vinicius de Moraes / Paulo Mendes Campos]

Tudo de amor que existe em mim foi dado
Tudo que fala em mim de amor foi dito
Do nada em mim o amor fez o infinito
Que por muito tornou-me escravizado.

Tão pródigo de amor fiquei coitado
Tão fácil para amar fiquei proscrito
Cada voto que fiz ergueu-se em grito
Contra o meu próprio dar demasiado.

Tenho dado de amor mais que coubesse
Nesse meu pobre coração humano
Desse eterno amor meu antes não desse.

Pois se por tanto dar me fiz engano
Melhor fora que desse e recebesse
Para viver da vida o amor sem dano.

[Lya Luft]

Não tenho mais os olhos de menina nem corpo adolescente, e a pele translúcida há muito se manchou.
Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura agrandada pelos anos e o peso dos fardos bons ou ruins.
(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)

O que te posso dar é mais que tudo o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir quando em outros tempos choraria,
busca te agradar quando antigamente quereria apenas ser amada.

Posso dar-te muito mais do que beleza e juventude agora:
esses dourados anos me ensinaram a amar melhor, com mais paciência e não menos ardor,
a entender-te se precisas, a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante e colo de amiga,
e sobretudo força — que vem do aprendizado.

Isso posso te dar: um mar antigo e confiável cujas marés — mesmo se fogem — retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços mas o sonho interminável das sereias.

[Arthur da Távola]

A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos.
É o mais independente.

Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades.
Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto no exato ponto em que foi interrompido.

Afinidade é não haver tempo mediando a vida.
É uma vitória do adivinhado sobre o real.
Do subjetivo para o objetivo.
Do permanente sobre o passageiro.
Do básico sobre o superficial.

Ter afinidade é muito raro.
Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar.
Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas.
O que você tem dificuldade de expressar a um não afim, sai simples e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.

Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavras.
É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.

Afinidade é sentir com, nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.
Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado.
Quantos amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios.

Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo.
É olhar e perceber.
É mais calar do que falar, ou, quando é falar, jamais explicar: apenas afirmar.

Afinidade é jamais sentir por.
Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo.
Mas quem sente com, avalia sem se contaminar.
Compreende sem ocupar o lugar do outro.
Aceita para poder questionar.
Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.

Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças.
É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto das impossibilidade vividas.

Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação.
Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida, para que a maturação comum pudesse se dar.
E para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais a expressão do outro sob a forma ampliada do eu individual aprimorado.

lya luft

“Agora é recostar-se para trás e traçar projetos de liberdade: uma viagem, um novo curso, os livros para ler, as dores para esquecer, os amigos a encontrar. Mexer nas minhas plantas. Abrir as persianas e vibrar porque a manhã está deslumbrante (….)
E, atenção: isso acontece a qualquer instante - se ainda não estivermos empalhados. Aos poucos esse novo sopro de ar, que pode ser um projeto, um trabalho, uma viagem, uma amizade nova ou um amor, vai-se delineando melhor. Sua voz é clara e chama o nosso nome. Talvez a gente nem compreenda ainda, mas a sorte - que prepara as armadilhas boas e ruins onde fatalmente cairemos porque estamos vivos - sorri acenando com a nossa nova amante: a vida. O futuro pousa outra vez na nossa mão.”

domingo, novembro 09, 2008

[Vinicius de Moraes]


Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher… — não tem nenhum valor.
Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o “velho amigo”, que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.
Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.
Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.
É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor…
Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?
Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer “baixo” seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.
É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.
Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.

sexta-feira, novembro 07, 2008

vinicius de moraes

"...o perdão também cansa de perdoar..."



"Por isso que eu chorei tantas lágrimas para que não precisasse chorar,
sem saber que criava um mar de pranto em cujos vórtices te haverias também de perder.
E amordacei minha boca para que não gritasses
e ceguei meus olhos para que não visses;
e quanto mais amordaçado, mais gritavas;
e quanto mais cego, mais vias."

terça-feira, novembro 04, 2008

Preparado para o adeus

“Viver é estar sempre preparado para dizer adeus”, diz um amigo meu, no aeroporto.

Caminhamos de um lado para o outro, enquanto aguardo a hora do meu vôo.

“Entretanto”, continua meu amigo, “a natureza é sábia. Cura a alma da mesma maneira com que cura o corpo”.

“Passamos por três estágios da doença do adeus. O primeiro é a negação: isto não é verdade!”

“Depois vem o desespero, a revolta: era verdade! Tal coisa nunca podia acontecer comigo!”

“Finalmente, vem a aceitação: bem, era verdade, aconteceu, agora é preciso seguir adiante!”

“Se vivermos cada uma destas etapas, sem vergonha, sem tentar cortar caminho, a natureza se encarregará de fechar a ferida. Mas ela precisa do mesmo ingrediente que é necessário para curar os males do corpo: tempo”.

segunda-feira, novembro 03, 2008

the end

‘A razão de machucar tanto essa separação é porque nossas almas são conectadas. Talvez sempre foram e sempre serão. Talvez nós tenhamos vivido mil vidas antes desta e em cada uma delas nós nos encontramos. E talvez em cada uma delas, nós fomos forçados a nos distanciar pelas mesmas razões. Isso significa que este adeus é um adeus pelos mil anos passados e um prelude do que virá. Quando eu olho para você, eu vejo sua beleza e graça e eu sei que ela aumentou a cada vida que você viveu. E eu sei que eu gastei cada vida antes dessa procurando por você. Não alguém como você, mas você. E por alguma razão que nós desconhecemos, fomos forçados a dizer adeus. Mas, nesta vida, não nos encontraremos mais e esse é verdadeiramente um adeus. Sei que nós nos veremos outra vez em uma outra vida, e talvez as estrelas tenham mudado, e nós nos amaremos não só por essa vida, e sim por essa e todas as outras que não vivemos antes.
Mas, nessa vida...não vou mais dizer que preciso de você, pois, não posso mais. Não vou dizer mais uma vez que amo você, porque com você minha esperança não existe mais. Não vou dizer que não sofri e não chorei, embora vc não mereça, não poderia negar, porque para mim sinceridade é fundamental. Não vou dizer que não estou triste, mas a decepção é ainda maior. Não vou dizer que é fácil escrever isso, mas ter que te esquecer e desistir é mais difícil. Não vou dizer mais nada, porque infelizmente aceitei o meu fracasso e o nosso fim. Até a nossa próxima vida, quero somente que você seja feliz.’
No bosque dos sonhos existe um castelo que guarda os nossos medos. Ninguém sabe exatamente onde se encontra, pois o desafio é achar o caminho de volta. Sabe-se que fica entre a esquina da rua do Silêncio com a da Atitude. Às vezes a vida nos transporta para lá.. Há pessoas que passam a vida toda trancadas no castelo, mas bem no fundo sabem que é por própria opção, que é possível achar a saída. Passamos nossa vida saindo e entrando sempre no bosque dos sonhos... porque lá existe o castelo dos medos que nos renova a coragem de prosseguir e faz com que avistemos do alto os melhores caminhos. Aliás, foi do alto da janela deste castelo que encontrei a minha saída.

Caio Fernando Abreu

"(...) Andei amando loucamente, como há muito tempo não acontecia. De repente a coisa começou a desacontecer. Bebi, chorei, ouvi Maria Bethânia, fumei demais, tive insônia e excesso de sono, falta de apetite e apetite em excesso, vaguei pelas madrugadas, escrevi poemas (juro). Agora está passando: um band-aid no coração, um sorriso nos lábios – e tudo bem. Ou: que se há de fazer? (...)"