segunda-feira, setembro 29, 2008

reloading...

resolvi voltar a escrever. e pode até ser que eu traga algum texto escrito no meu antigo blog, pra relembrar alguma coisa... ou pra chocar pensamentos meus em diferentes épocas. Inconstância. Ou seja, eu.

Enfim... ontem tive uma longa reflexão quanto ao tempo, e esse texto me veio à mão:

Muitos de nós passam a vida procurando felicidade. Procurando um tesouro escondido. Correm de um lado para o outro esperando descobrir a chave da tal felicidade. Achamos que a vida seria tão diferente, se pelo menos fôssemos felizes. E, assim, uns fogem de casa para ser feliz. Outros fogem para casa em busca da felicidade. Uns se casam pensando em ser feliz. Outros se divorciam para ser felizes. Uns desejam viver sozinhos para ser felizes. Outros desejam possuir uma grande família a fim de ser feliz. Outros trabalham além do normal buscando a felicidade. Fazem horas extras tentando ter mais dinheiro pra conseguir a tal felicidade. É uma busca infinita. Anos desperdiçados. Nunca a lua está ao alcance da mão.

Mas, há uma forma melhor de viver! A partir do momento em que decidimos ser feliz, nossa busca da felicidade chego ao fim. É então que percebemos que a felicidade não está na riqueza material, na casa nova, no carro novo, naquela carreira, naquela
pessoa. E jamais poderá ser comprada. Quando não se consegue achar satisfação dentro de si mesmo, é inútil procurar em outra parte. Sempre que dependemos de fatores externos para ter alegria, estamos fadados à decepção. A felicidade não se encontra nas coisas exteriores, não consiste na satisfação com o que temos e com o que não temos. Poucas coisas são necessárias para fazer o homem sábio feliz, ao mesmo tempo em que nenhuma fortuna satisfaz a um inconformado.

Enquanto nós tivermos algo a fazer, alguém para amar, alguma coisa para esperar... seremos felizes. Tenhamos certeza: a única fonte de felicidade está dentro de nós, e
deve se repartida. Repartir nossas alegrias é como espalhar perfumes sobre os outros: sempre algumas gotas acabam caindo sobre nós mesmos. Se chover, seja feliz com a chuva que molha os campos, varre as ruas e limpa a atmosfera. Se fizer sol, aproveite o calor. Se houver flores em seu jardim, aproveite o perfume. Se tudo estiver seco, aproveite para colocar as mãos na terra, plantar sementes e aguardar a floração. Se tiver amigos, aproveite para bater um papo, troque idéias e seja feliz com a felicidade deles. Se não tiver, aproveite pra conquistar um bom amigo... Faça tudo sem se preocupar em procurar, deixe que a felicidade te encontre.




Mais um dia. Ou menos um dia?
Seja como for, hoje é dia de tentar ser feliz.

quinta-feira, setembro 25, 2008

A lenda dos Sioux

LENDA DOS SIOUX

Conta uma lenda dos índios sioux que, certa vez, Touro Bravo e Nuvem Azul chegaram de mãos dadas à tenda do velho feiticeiro da tribo e pediram:

- Nós nos amamos e vamos nos casar. Mas nos amamos tanto que queremos um conselho que nos garanta que ficaremos sempre juntos, que nos assegure estar um ao lado do outro até a morte. Há algo que possamos fazer?

E o velho, emocionado ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse:

- Há o que possa ser feito, ainda que sejam tarefas muito difíceis. Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte da aldeia apenas com uma rede, caçar o falcão mais vigoroso e trazê-lo aqui, com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia. E tu, Touro Bravo, deves escalar a montanha do trono; lá em cima, encontrarás a mais brava de todas as águias. Somente com uma rede deverás apanhá-la, trazendo-a para mim viva!

Os jovens se abraçaram com ternura e logo partiram para cumprir a missão. No dia estabelecido, na frente da tenda do feiticeiro, os dois esperavam com as aves. O velho tirou-as dos sacos e constatou que eram verdadeiramente formosos exemplares dos animais que ele tinha pedido.

- E agora, o que faremos? Os jovens perguntaram.

- Peguem as aves e amarrem uma à outra pelos pés com essas fitas de couro. Quando estiverem amarradas, soltem-nas para que voem livres. Eles fizeram o que lhes foi ordenado e soltaram os pássaros.

A águia e o falcão tentaram voar, mas conseguiram apenas saltar pelo terreno. Minutos depois, irritadas pela impossibilidade do vôo, as aves arremessaram-se uma contra a outra, bicando-se até se machucar.

Então o velho disse: - Jamais esqueçam do que estão vendo, esse é o meu conselho. Vocês são como a águia e o falcão. Se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, não só viverão arrastando-se, como também, cedo ou tarde, começarão a machucar um ao outro. Se quiserem que o amor entre vocês perdure, voem juntos, mas jamais amarrados.

Libere a pessoa que você ama para que ela possa voar com as próprias asas. Essa é uma verdade no casamento e também nas relações familiares, de amizade e profissionais. Respeite o direito das pessoas de voar rumo ao sonho delas. A lição principal é saber que somente livres as pessoas são capazes de amar!!!

terça-feira, setembro 23, 2008

infinitamente pessoal

Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu. A noite ultrapassou a si mesma, encontrou a madrugada, se desfez em manhã, em dia claro, em tarde verde, em anoitecer e em noite outra vez. Fiquei. Você sabe que eu fiquei. E que ficaria até o fim, até o fundo. Que aceitei a queda, que aceitei a morte. Que nessa aceitação, caí. Que nessa queda, morri. Tenho me carregado tão perdido e pesado pelos dias afora. E ninguém vê que estou morto.

domingo, setembro 21, 2008

Clarice Lispector

Eu não digo que eu tenha muito, mas tenho ainda a procura intensa e uma esperança violenta! Eu não choro: se for preciso um dia eu grito! Estou em plena luta e não desisto! Eu já poderia ter você com meu corpo e minha alma. Esperarei nem que sejam anos que você também tenha corpo-alma para amar. Nós ainda somos moços, podemos perder algum tempo sem perder a vida inteira! Mas olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós: Não temos amado, acima de todas as coisas. Não temos aceito o que não se entende por que não queremos passar por tolos. Temos construídos catedrais e ficado do lado de fora pois as catedrais que nós mesmos construímos são armadilhas. Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar a nossa vida possível! Temos chamado de franqueza a nossa candura. Temo-nos temido um ao outro acima de tudo. Mas eu escapei disso com ferocidade e esperarei até você também estar mais pronto.

O Mundo é um Moinho:

"Ainda é cedo amor, mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
Preste atenção, vida
Embora eu saiba que estás resolvido
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
E em pouco tempo não serás mais o que és
Preste atenção, vida
Ouça-me bem, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos rodeado por pessoas tão mesquinhas
Vai reduzir as ilusões e esperanças a pó
Preste atenção, vida
De cada amor tu herdarás apenas o cinismo
Quando notares que estás à beira do abismo
...abismo que cavastes com teus pés"

*AS BORBOLETAS*

Quero amarte e não me deixas,
quero ensinarte e não me permites,
quero que vivas em meu coração e me dizes que não.
Chego a ti e não me recebes, me aproximo,
e constróis barreiras que nos separam.

Que queres que faça,
se do único que entendo é de Amor e compreensão?
Que queres que fale,
se do único que conheço é a união e a plenitude?
Que queres de Mim
se o único que tenho para oferecerte é a Paz?

Tu me precisas mais que Eu a ti,
Mas Eu sofro mais que tu
quando te afastas e
não me deixas quererte.

Porque somos irmãos,
porque somos amores,
porque somos corações,
que vivem no infinito,
perfeitamente unidos e estreitamente separados.

sábado, setembro 20, 2008

A UM AUSENTE

"Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.


Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.

Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
por que o fizeste,

por que te foste?"

recado dado!

“Um dia, quando você se achar muito importante!
Um dia, quando seu ego estiver no apogeu!
Um dia, quando você tiver plena certeza de que " não há ninguém melhor que você ".
Um dia, quando você achar que sua partida deixará um vazio impreenchível, siga estas instruções bem simples.

Pegue um balde e encha-o de água até a boca.
Coloque a mão dentro, até o fundo.
Tire a mão e o buraco que ali permanecer terá o tamanho da falta que você fará neste mundo.

Talvez, você transmita alegria quando chega.
Talvez agite a água em profusão.
Mas, pare, e em pouco tempo verá que tudo ficou como então.

A intenção deste estranho exemplo é você fazer sempre o melhor possível, e sentir orgulho de si mesmo. Mas lembre-se: Não existe nenhum homem insubstituível."

(autor desconhecido)

sexta-feira, setembro 19, 2008

Eu sentei e chorei

"Conta a lenda que tudo o que cai nas águas deste rio se transforma nas pedras do seu leito. Ah, quem me dera que eu pudesse arrancar o coração do meu peito e atirá-lo na correnteza, e então não haveria mais dor, nem saudade, nem lembranças.

Nas margens do Rio Piedra eu sentei e chorei. O frio do Inverno fez com que eu sentisse as lágrimas na face, e elas misturaram-se com as águas geladas que corriam diante de mim...todas estas águas se confundem com o mar.

Que as minhas lágrimas corram assim para bem longe, e então eu esquecerei o Rio Piedra, o mosteiro...os caminhos que percorremos juntos. Eu esquecerei as estradas, as montanhas e os campos dos meus sonhos - sonhos que eram meus, e que eu não conhecia.

Eu lembro-me do meu instante mágico, daquele momento em que um "sim" e um "não" podem mudar toda a nossa existência. Parece ter acontecido há tanto tempo e, no entanto, faz apenas uma semana que reencontrei o meu amado e o perdi.

Nas margens do Rio Piedra escrevi esta história. As mãos ficavam geladas, as pernas entorpecidas pela posição e eu precisava parar a todo o instante.

- Procure viver. Lembrar é para os mais velhos - dizia ele.

Talvez o amor nos faça envelhecer antes da hora e nos torne jovens quando a juventude já passou. Mas como não recordar aqueles momentos? Por isso escrevia, para transformar a tristeza em saudade, a solidão em lembranças. Para que, quando acabasse de contar a mim mesma esta história, a pudesse lançar no Piedra - assim me tinha dito a mulher que me acolheu. Para que então - as águas pudessem apagar o que o fogo escreveu.

Todas as histórias de amor são iguais."


(Paulo Coelho - "Nas margens do Rio Piedra")

Paulo Coelho

(...) "No dia 11 de Novembro, Verónica decidiu que havia (afinal!) chegado o momento de se matar. E não se estava a matar porque era uma mulher triste, amarga, vivendo em constante depressão... Haviam duas razões:
A primeira é que tudo na sua vida era igual, e - uma vez passada a juventude - seria a decadência. A segunda, tudo o que se estava a passar no mundo estava errado e ela não tinha como reparar isso.

Quanto tempo me resta?
- Repetiu Verônica, enquanto a enfermeira dava a injecção.
- 24 hs. Talvez menos.
Ela baixou os olhos, e mordeu os lábios. Mas manteve o controle.
- Quero pedir dois favores. O primeiro, que me dê um remédio... de modo que eu possa ficar acordada, e aproveitar cada minuto que restar da minha vida. Eu estou com muito sono, mas não quero mais dormir, tenho muito que fazer - coisas que sempre deixei para o futuro, quando pensava que a vida era eterna. Coisas pelas quais perdi o interesse, quando passei a acreditar que a vida não valia a pena.
- Qual o seu segundo pedido?
- Sair daqui, e morrer lá fora. Preciso de subir ao castelo de Lubljana, que sempre esteve ali, e nunca tive a curiosidade de vê-lo de perto... quero andar na neve sem casaco, sentindo o frio externo - eu, que sempre estive bem agasalhada, com medo de apanhar uma constipação.

Enfim, Dr. Igor, eu preciso de apanhar chuva no rosto, sorrir para os homens que me interessam, aceitar todos os cafés para os quais me convidem.

Tenho que beijar a minha mãe, dizer que a amo, chorar no seu colo - sem vergonha de mostrar os meus sentimentos, porque eles sempre existiram, e eu escondi-os...

Quero entregar-me a um homem, á cidade, à vida e, finalmente, à morte."
(...)

(trecho de "veronika decide morrer" - paulo coelho)

"Não há coincidências" - trecho

(...) Tudo corria sobre rodas até à entrada do Victor Lopes. O Victor Lopes tinha a mania de que era engatatão e fez o circuito das meninas da redacção até empancar em mim. Nem alto nem baixo, tinha o charme barato típico dos gajos que sobem a pulso e não olham a meios para atingir os fins. O maior problema não foi dar-lhe uma tampa, foi ter de lhe dar várias. A primeira vez que deu o ar da sua graça estávamos na cantina e resolveu tecer comentários sobre as minhas pernas.

Expliquei-lhe com calma que não achava a conversa apropriada, ele pediu desculpa e calou-se. Nessa mesma noite, depois do telejornal acabar, descemos no mesmo elevador até à garagem e resolveu adoptar a táctica do ataque frontal. Encostou-se a mim, estava eu a enfiar a chave na fechadura para abrir o carro e começou a arfar e a dizer coisas sem nexo. Não há dúvida que os homens entre os quarenta e os cinquenta ou apuram ou abandalham. Como este não tinha como apurar, abandalhou. Tive que lhe dar um encontrão e a partir daí as coisas foram-se progressivamente complicando.

O tipo nunca mais me largou. Pedia-me para fazer peças que ele próprio sabia que não iriam para o ar, criticava sistematicamente o meu trabalho em alto e bom som para me vexar diante de toda a redacção e fazia tudo para me retirar a pouca confiança que tinha como jornalista.

O José António tentou várias vezes proteger-me, mas o Victor estava decidido a acabar comigo. Quando o José António foi para a concorrência com um contrato milionário, fiquei sem apoio.

Há uma amiga minha jornalista que diz que nas redacções dos canais de televisão anda metade a fo... com a outra metade e quem não fo... ninguém está fo... Era o que eu estava. O tipo ia acabar comigo de qualquer maneira.

Clarice Lispector

Sempre quis jogar alto, mas parece que estou aprendendo que o jogo alto está numa vida diária pequena, em que uma pessoa se arrisca muito mais profundamente, com ameaças maiores. Com tudo isso, parece que estou perdendo um sentimento de grandeza que não veio nunca de livros ou de influência de pessoas, uma coisa muito minha que desde pequena deu a tudo, aos meus olhos, uma verdade que não vejo mais com tanta frequência. Disso tudo restaram nervos muito sensíveis e uma predisposição séria para ficar calada.

quarta-feira, setembro 17, 2008

Vinicius de Moraes

Se tu queres que eu não chore mais
Diga ao tempo que não passe mais
Chora o tempo o mesmo pranto meu
Ele e eu, tanto
Que só para não te entristecer
Que fazer, canto
Canto para que te lembres
Quando eu me for

Deixa-me chorar assim
Porque eu te amo
Dói a vida
Tanto em mim
Porque eu te amo
Beija até o fim
As minhas lágrimas de dor
Porque eu te amo, além do amor!

sexta-feira, setembro 12, 2008

Quebrar copos

No livro “Na margem do Rio Piedra eu sentei e chorei”, Pilar pede a seu amado que quebre um copo, enquanto jantam num restaurante.

“Sim, quebrar um copo. Um gesto aparentemente simples, mas que envolve pavores que nunca compreenderemos direito. É o proibido. Copos não se quebram de propósito; quando entramos em restaurantes ou em nossas casas, tomamos cuidado para que copos não fiquem na beira da mesa. Morremos de medo de quebrar copos”.

“Entretanto, quando sem querer derrubamos um, vemos que não é tão grave assim. O garçom diz ‘não tem importância’, e ‘nunca vi um copo quebrado ser incluído na conta do restaurante’”.

“Quebrar copos faz parte da vida; faça isto agora, mesmo que a gente tenha que pagar depois. Às vezes, um gesto bobo nos liberta de preconceitos malditos, da mania de explicar tudo, de só fazer aquilo que os outros aprovam”.

Eu não existo sem você

Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham pra você

Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
Eu não existo sem você

ESTAMOS COM FOME DE AMOR

Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão".
Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.

Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas e saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances sexuais dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormirem abraçados, sabe essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega? Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção.

Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós. Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos ORKUT, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!". Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa.

Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega. Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso à dois. Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele?

Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é "out", que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida.

Antes idiota que infeliz!

quarta-feira, setembro 10, 2008

Mande Deus para o Museu!

"Quando vejo um auto-suficiente,
Postado a minha frente,
Despejando sapiência,
Eu tenho um ataque de riso.
O sujeito pensa que sabe tudo,
Que é gênio, intelectual,
E, na verdade, é um ignorante letrado,
Um analfabeto das coisas divinas.
É um cara que só tem dez por cento
Do seu cérebro em funcionamento.
E com dez por cento,
Se julga Deus,
Apaga Deus,
Ri de Deus.
O criador não acertou em nada
E o sabichão é que sabe tudo.
Ele, o bípede-terreno com seus dez por cento
Entende profundamente da matéria e do espírito.
Mistério não há, tudo é claro,
Claro com seus dez por cento de cérebro
E cem por cento de auto suficiência.
Gênio!
Intelectual!
Você sabe tudo,
Me diz uma coisa apenas:
Por que você primeiro não estuda e conserta
O que há de errado em sua própria vida?
Vida cheia de infidelidade,
De titubeios,
De preconceitos,
De vai-não-vai,
De medo,
De recalque,
De complexo.
Depois de consertar tudo sem Evangelho,
Usando só seus ridículos dez por cento,
Pegue Deus, coloque-o num frasco
E mande para o museu mais próximo!!! "

À você.

Do Erótico ao Platônico

Eu queria recostar-me em seu peito
E adormecer como no travesseiro.
Eu queria acordar em seus braços
E transitar pelo teu corpo.

Eu queria perder-me no agora
E encontrar-me só em você.
Eu queria sussurar em teu ouvido
E ouvir o eco no brilho dos olhos seus.

Eu queria provar seus lábios
E alimentar-me com seus desejos.
Eu queria parar tudo,
Ficar diante de vc, vazia de problemas
E cheia de inocência.

Eu queria que fôssemos duas estátuas
Perdidas em um jardim sem importância,
Uma diante da outra, olhando, olhando...
Duas estátuas sem ninguám para recriminar.
Olhando,olhando...
Vivendo o milagre do amor platônico!

À você.

"Quanto tempo nos conhecemos?
Sei là!...
Eu vinha, você ia ... foi um encontro comum, casual,
Milhares já de encontraram assim.
Depois eu comecei a sentir algo,
Talvez uma saudade sem razâo...
Sei là!...
Não era tristeza, não era alegria,
Era uma indecisão de amar você.
E eu passava momentos, olhando para frente,
Desligado, sem ver nada.
Gozado! Olhava e não via,
Estava absorta, parada, consumida por mim:
Uma verdadeira estátua em introspecção!
Estava "encucada",
"Encudada" com a ausência que era presença.
De repente, a interrogação indecisa foi evaporando
E eu vi dentro de mim que era amor.

Você estava enquadrado no que eu queria:
Desde o sorriso até as lagrimas.
Você era o "SIM" diante do altar,
Você era a mão certa na escalada incerta,
Você era o horizonte nítido... o agasalho...
Mas eu cometi um erro:
Não perguntei se eu tambèm era
Tudo isso para você.
E a verdade é que não era.
Eu não estava enquadrado no que você queria,
Eu era o "NÂO",
Não era sorriso, não era agasalho, não era nada...
Era um ser andande maravilhosamente invisível para você.
De repente, a exclamação veio em "closed"
E eu fiquei afirmando seus defeitos,
Fiquei procurando tudo que você fazia de errado,
e você não fazia...
Fiquei torcendo para você me decepcionar.
Afundei-me como arqueóloga nas ruínas da sua imagem adorada
E você permaneceu intacto,
Eu quis desmanchar a ilisão,
Quis vomitar um amor que me assentava bem,
E eu torci para você me decepcionar,
Eu queria tanto sentir raiva de você,
ÓDIO!
No entanto, você se manteve o mesmo,
Impassivel diante do dragão, no qual me transformei.
Então, me decepcionei comigo,
Porque não conpensei o que queria com o que sentia,
E numa noite, não muito longe,
Resolvi selar a carta da despedida:
Fechei os olhos,
As lágrimas pingaram uma a uma
E eu adormeci, sonhando o sonho da aceitação!"

terça-feira, setembro 02, 2008

"...veja, a qualidade está inferior
e não é a quantidade que faz a estrutura de um grande amor
simplesmente seja o que você julgar ser o melhor
mas lembre- se que tudo que começa com muito
pode acabar muito pior... "

Fal Azevedo

" Cuidado com quem não sangra, com quem não tem nenhuma cicatriz, nenhum esqueleto no armário, nenhum corpo no porta-malas do carro, nenhuma marca do tempo e nem arrasta, vez por outra, umas correntezinhas pela casa mal-assombrada. Cuidado, sobretudo, com esses debilóides que repetem o que ouviram alguém mais debilóide ainda dizer "na vida só me arrependo do que não fiz".
Essa gente é um perigo. Alguma coisa ali é péssima: ou a memória ou o caráter. Hum, ou ambos." ()

Clarice Lispector

"Quando fazemos tudo para que nos amem...e não conseguimos, resta-nos um último recurso, não fazer mais nada. Por isto digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado...melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não façamos esforços inúteis, pois o amor nasce ou não espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes é inútil esforçar-se demais...nada se consegue; outras vezes, nada damos e o amor se rende a nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de nada mais fazer."

Caio Fernando Abreu

"A lua está tão bonita que dói por dentro. Ele nunca me entenderia, afinal. É tudo tão bonito que me dói e me pisa. Fico pensando que nunca mais vai se repetir, é só uma vez, a única, e vai me magoar sempre. Não sei, não quero pensar. Nesse espaço branco de madrugada e lua cheia, preciso falar, e mais do que falar, preciso dizer. Mas as palavras não dizem tudo, não dizem nada. O momento me esmaga por dentro." (Caio F.)

"Alguma coisa em mim - e pode-se chamar isso de "amadurecimento" ou "encaretamento" ou até mesmo "desilusão" ou "emburrecimento" - simplesmente andou, entendeu? Eu tentei pensar em algo, mas vi que já não existe mais no que pensar. Talvez se tenha ido junto com o sol, com o calor. Pensei que talvez o sol e o calor pudessem voltar de repente, no momento exato em que a última chama se desfizer e alguém esboçar o primeiro gesto. Mas eles não voltarão. Seria bonito, e as coisas bonitas já não acontecem mais. Tô bem assim, bem indiferente. O coração, um cactus. Não me importo mais. É estranho, e não me parece falso, mas ao contrário: normal. Era assim que deveria ter sido desde sempre. E não se trata de evitar a dor: é que esse tipo de dor é inútil, é burra." (Caio F.)


"...prometo a mim mesmo nunca mais ouvir, nunca mais ter a ti tão mentirosamente próximo, e escapo brusco para que percebas que mal suporto a tua presença, veneno veneno, às vezes digo coisas ácidas e de alguma forma quero te fazer compreender que não é assim, que tenho um medo cada vez maior do que vou sentindo em todos esses meses, e não se soluciona, mas volto e volto sempre, então me invades outra vez com o mesmo jogo e embora suponho conhecer as regras, me deixo tomar inteiro por tuas estranhas liturgias, a compactuar com teus medos que não decifro, a aceitá-los como um cão faminto aceita um osso descarnado." (Caio F.)

Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais -por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia –qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido. (Caio F.)

"Às vezes me espanto e me pergunto como pudemos a tal ponto mergulhar naquilo que estava acontecendo, sem a menor tentativa de resistência. Não porque aquilo fosse terrível, ou porque nos marcasse profundamente ou nos dilacerasse - e talvez tenha sido terrível, sim, é possível, talvez tenha nos marcado profundamente ou nos dilacerado - a verdade é que ainda hesito em dar um nome àquilo que ficou, depois de tudo. Porque alguma coisa ficou. " (Caio F.)