domingo, fevereiro 24, 2008

Pablo Neruda

"Amor meu,
me compreende,
te quero todo,
dos olhos aos pés, às unhas,
por dentro,
toda a claridade, a que guardavas.

Sou eu, meu amor,
quem golpeia tua porta.
Não é o fantasma, não é
o que antes se deteve
defronte da tua janela.

Eu ponho a porta abaixo:
entro em toda a tua vida:
venho viver em tua alma:
tu não podes comigo.

Tens que abrir porta a porta,
tens que abrir os olhos
para que eu busque neles,
tens que ver como ando
com passos pesados
por todos os caminhos
que, cegos, me esperavam.

Não me temas,
sou tua,
mas
não sou o passageiro nem o mendigo,
sou o que tu esperavas,
e agora entro
em tua vida,
para não sair mais,
amor, amor, amor,
para ficar."


De Los versos del capitán - NERUDA

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