sexta-feira, janeiro 30, 2009

Fragmentos Caio F.

"A nossa diferença fundamental é que você era capaz apenas de viver as superfícies, enquanto eu era capaz de ir ao mais fundo, de não sentir medo desse mais fundo"

"Toda poesia é uma despedida. Você disse adeus e deixou em mim um vazio descomunal. Desde então, encobri minha dor com um manto azul: um amor e uma mágoa. Eu lavei meu rosto com palavras triste quando acenou-me tchau. De vez em quando, todos os olhos se voltam contra meus passos distraídos. No fundo, a espera que eu seja algo maior que eu sou."

"Tento me concentrar numa daquelas sensações antigas como alegria ou fé ou esperança. Mas só fico aqui parado, sem sentir nada, sem pedir nada, sem querer nada."

"Jogo o cigarro no espaço. Como de costume,repito e repito: bem, paciência, querido, ainda não será desta vez"

"Eu ia embora de mim: isso era tudo. Eu ia embora de mim sem saber de onde vinha nem para onde iria, navio em outra névoa de vapor espesso cada vez mais próximos, a névoa e o navio"

"Extremos sempre cicatrizaram meus dias.
Passos em direção ao precipício,
calmarias em dias tropicais:
inverno e pôr-do-sol ao amanhecer."

"Sigo por trajetos não traçados,
em aventuras não vividas.
Recomeço e fim que se encontram
no escuro abstrato das palavras."

". . .e sentar na máquina para escrever, ainda pensou: gosto tanto de você, baby. Só que os escritores são seres muito cruéis, estão sempre matando a vida à procura de histórias. Você me ama pelo que me mata. E se apunhalo é porque é para você, para você que escrevo — e não entende nada."

"Sabes de tudo sobre esse possível amargo futuro. Sabes também que já não poderias voltar atrás, que estás inteiramente subjugado e as tuas palavras, sejam quais forem, não serão jamais sábias o suficiente para determinar que essa porta a ser aberta agora, logo após teres dito tudo, te conduza ao céu ou ao inferno."

"(...) girassóis não procuram a luz, e refrões de bolero não rimam amor com dor. felicidade não combina com a realidade. pontos que não convergem no infinito opaco de suas palavras frias. seu sorriso em preto e branco a colorir meus tristes pensares. vejo seu rosto em gélidas galerias; nos filmes; em páginas dos jornais. eu sempre escolhi bem as palavras, mas hoje eu não sei o que pensar. talvez por falta de sorte, talvez por falta de repertório, talvez pela ausência em mim em mim.

De qualquer forma poderia tê-lo amado muito. E amar muito, quando é permitido, deveria modificar uma vida... "
"...e fui cuidar do que restava, que é sempre o que se deve fazer"

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