sábado, agosto 25, 2007

...

' Embora em ti esteja minha alegria, nenhuma alegria me causa o juramento desta noite;
é por demais brusco, temerário, repentino, muito semelhante ao relãmpago que se extingue antes que possamos dizer: "está relampejando!".

Doce coração, boa noite! Este botão de amor, sazonado ao hálito ardente do estio, talvez se haja convertido em bela flor, quando de novo voltarmos a ver-nos.

Boa noite! Boa noite! que tão doce e calmo repouso alcance teu coração, como o que se alenta dentro de meu peito!'

(Shakespeare)


'Guardei-me para ti como um segredo
Que eu mesma não desvendei:
Há notas nesta guitarra que não toquei,
Há praias na minha ilha que nem andei.
É preciso que me tomes, além do riso e do olhar,
Naquilo que não conheço e adivinhei;
É preciso que me ensines a canção do que serei
E me cries com teu gesto
Que nem sonhei.'

(Lya Luft)


' O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...'

(Fernando Pessoa)

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