quarta-feira, agosto 22, 2007

F. Nietzsche

(...)
Se tendes, porém, um inimigo, não lhe devolvais bem por mal porque se sentiria humilhado; demonstrai-lhe, pelo contrário, que vos fez um bem.
E a ter que humilhar preferi encolerizar-vos. E quando se vos amaldiçoe, não me agrada que vós abençoeis. Amaldiçoai também.
E se vos fizeram uma grande injustiça, fazei vós imediatamente cinco injustiças pequenas.
Horroriza ver o que por si só sofre o peso da injustiça.
Já sabeis isto? Injustiça repartida é semi-direito.
E aquele que pode trazer a injustiça deve levá-la.
Uma pequena vingança é mais humana do que nenhuma. E se o castigo não é somente um direito e uma honra para o transgressor, eu não quero o vosso castigo.

É mais nobre condenarmos do que teimar, mormente quando temos razão. Somente é preciso ser rico bastante para isso.
Não me agrada a vossa fria injustiça: nos olhos dos vossos juizes transparece sempre o olhar do verdugo e seu gelado cutelo.
Dizei-me: onde se encontra a justiça que é amor com olhos perspicazes?
Inventai-me, pois, o amor que suporta, não só todos os castigos, mas também todas as faltas.
Inventai-me a justiça que absolve todos, exceto aquele que julga!
Quereis ouvir mais? No que quer ser verdadeiramente justo, a mentira muda-se em filantropia.
Mas, como poderia eu ser verdadeiramente justo? Como poderia dar a cada um o seu?
Basta-me isto: eu dou a cada um o meu.

(...)

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