quinta-feira, setembro 13, 2007

Fragmentos I - ´Assim Falou Zaratustra` - F. Nietzsche

´Quem julgou compreende-lo, equivocou-se a seu respeito; quem não o compreendeu, julgou-o equivocado.´

´É difícil viver com os homens, uma vez que é tão difícil guardar silêncio.
E aquele com quem somos mais injustos não é o que nos é antipático, mas aquele com quem nos não importamos.
Se tens, contudo, um amigo que sofre, sê um asilo para o seu sofrimento, mas até certo ponto um leito muito duro, um leito de campanha; assim ser-lhes-ás mais útil.
E se um amigo te faz mal, diz-lhe: “Perdoo-te o mal que me fizeste; mas se o houvesses feito a ti, como poderia eu perdoar-to?”
Assim fala todo o amor grande: sobrepuja até o perdão e a piedade.´


“É noite; agora eleva-se mais a voz das fontes. E a minha alma é também uma fonte.
É noite; agora despertam todos os cantos dos amantes. E a minha alma é também um canto de amante.
Há qualquer coisa em mim não aplicada nem aplicável, que quer elevar a voz. Há em mim um anelo de amor que fala a linguagem do amor.
Eu sou luz. Ah! se fosse noite! Mas é esta a minha soledade: ver-me rodeado de luz.
Ah! se eu fosse sombrio e noturno! Como sorveria os seios da luz!
E também vos bendiria a vós, estrelinhas que brilhais lá em cima como pirilampos! E seria venturoso com vossos mimos de luz.
Eu, porém, vivo da minha própria luz, absorvo em mim mesmo as chamas que de mim brotam.
Eu não conheço o prazer de receber, e freqüentemente tenho sonhado que roubar deve ser ainda maior deleite do que receber.´


Amar e desaparecer: são coisas que andam a par há eternidades. Querer amar é também estar pronto a morrer. Assim vos falo eu, covardes!

´Entre mim e eles interpuseram todas as fraquezas e todas as faltas dos homens: “andar falso” eis como chamam a isto nas suas casas.
Eu, porém, apesar de tudo, ando sempre por cima da cabeça deles com os meus pensamentos; e se quisesse andar com os meus próprios defeitos, ainda assim andaria sobre eles e sobre as suas cabeças.
Que os homens não são iguais: assim fala a justiça. E o que eu quero não poderiam eles querer!”


“Eu sou hoje e de antes — disse — mas em mim há qualquer coisa que é amanhã, de depois de amanhã e do futuro.
Estou enfastiado dos poetas, dos antigos e dos novos: para mim todos são superficiais, todos são mares esgotados.´

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